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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O que é o preconceito?


Racismo, homofobia, xenofobia, machismo... palavras diferentes que descrevem um mesmo problema: O PRECONCEITO.

Todo mundo, em algum momento de sua vida, já passou por uma situação que envolva o preconceito. O consenso é que ele faz parte da nossa vida e surge da visão preconcebida de algo ou alguém que ainda não conhecemos ocasionada, em grande parte, pelos estereótipos sociais existentes.

Desde o nascimento, e durante toda vida, as pessoas vão incorporando valores, sentimentos e ideais que, na maioria das vezes, são impostos pelo próprio meio familiar. E é, muitas vezes, em função dessa construção de valores e de pensamentos que são estabelecidos nossos modos de viver e de pensar. Uma imagem preconcebida do que é certo ou errado é incorporada ao indivíduo e este cria padrões básicos de comporatamento que ignoram as diferenças próprias dos seres humanos gerando intolerância, injustiça, discriminação e até violência.

É frequente o número de casos de preconceito estampados na mídia como, por exemplo, o ocorrido com o goleiro Aranha do Santos, que foi chamado de macaco pela torcida do Grêmio durante uma partida da Copa do Brasil 2014; ou a onda de ataques contra Nordestinos ocorrida durante as últimas eleições, que se concentraram nas redes sociais. Esses casos foram gerados a partir da visão distorcida da sociedade que é construída a anos e resulta no preconceito.

Para a psicóloga Lorena Bandeira, o preconceito não é algo inato ao ser humano, pelo contrário, é uma ideia de um grupo que se reforça num contexto de minoria. Para a psicóloga, existem dois tipos de preconceito: o evidente, aquele que o individuo expressa claramente; e o preconceito velado que existe no individuo e é mascarado.

O fato é que muito precisa ser feito para alcançarmos uma sociedade igualitária que respeite as diferenças e encare-as com naturalidade. Isso só acontecerá quando entendermos que a mudança depende, primeiramente, de nossas atitudes individuais em prol do bem estar coletivo e da aceitação das minorias.

Texto: Ana Carolina, Bruna Gomes, Fabio Siebra e Renato Araujo.
Imagem: Reprodução/Divulgação


Máscara do preconceito na mídia




Devido a existência de preconceitos arraigados na sociedade moderna, há uma reação hostil, por segmentos de seus integrantes, ao que não faz parte do senso comum. A responsabilidade por muitos desses esteriótipos, recusados e aceitos pela sociedade, está nos padrões sociais disseminados na história da mídia como um todo.

Os veículos de comunicação, do jornal impresso até a internet, surgiram como forma de transpor a realidade social através da notícia aos mais diversos públicos. Por representar um espelho da sociedade, junto a comunicação vieram embutidas as opiniões e ideias públicas, regadas de diferentes tipos de descriminação. A começar pela escolha dos jornalistas para representar o sinal de inteligência, informação e credibilidade nos telejornais: de beleza e padrões europeus.

Segundo a professora de comunicação Agda Aquino, que também é responsável por estudos da estética no telejornalismo brasileiro, a mídia usa muito comumente de esteriótipos (modelos envoltos de preconceito, a respeito de algo, de maneira superficial ou idealizada) para passar mensagens rápidas e de fácil entendimento ao receptor, como é o caso da publicidade e das telenovelas. Quando se tratando do jornalismo, ela reitera que “ o telejornal perpetua essa imagem “estereotipada, de quem é o telejornalista, desde que a televisão chegou no Brasil em 1950. A população vem absorvendo desde então esse padrão sem perceber, por que está lá de forma muito repetida e por que as pessoas, em sua maioria, não refletem sobre isso ”. Ainda de acordo com a professora:“ segurar o formato de esteriótipos do jornalismo é uma forma de manter o público, no intuito de mostrar um personagem de credibilidade” afirma.

Em contra partida, o jornalismo também tenta exercer seu papel social e ser um canal para dar voz aos diferentes grupos sociais. Jornalista por profissão e editor de TV, Raul Ramalho vivencia em sua rotina o cuidado ético na seleção e escolhas das pautas que irão ao ar na emissora em que trabalha: “ Os jornalistas estão inseridos na sociedade, ou seja, tem seus vícios e suas virtudes. Nós jornalistas temos nossa carga de preconceito e visão de senso comum, sendo assim é normal que passemos algo para sociedade desse ponto de vista, mas a gente tem que trabalhar e se policiar para que isso não aconteça.” disse ele.

Intensificação com as novas mídias

Com o desenvolvimento das novas tecnologias, as redes sociais se tornaram um importante meio de discutir questões relacionadas ao preconceito. A rapidez e capacidade de troca de informações desses recursos pós-massivos, pressionam, cada vez mais, as mídias tradicionais a criar espaço dentro de suas programações para discutir, debater ou noticiar tais temas. Mesmo assim, os meios de comunicação ainda discutem as diversidades de forma pontual, não assumindo a primícias de falar sobre tais temas, mas sim como uma maneira de atender, com certos atrasos, os avanços e a evolução da sociedade.

Ainda dentro deste contexto, um exemplo recente de preconceito embutido na mídia foi apresentado ao Brasil nas últimas semanas, com a exibição da história de Loemy Marques. Uma jovem moça que estampou as capas de importantes revistas e veículos de comunicação de peso nacional por ser ex-modelo hoje viciada em crack. A escolha de Loemy como fato noticiável não se deu por coincidência, afinal existem vários dependentes químicos que vivem a mesma realidade. Porém, uma protagonista que atende aos padrões de beleza da mídia, vivendo uma situação que estaria fora do imaginário do senso comum da sociedade, vira fato de comoção nacional.

De acordo com Rostand Melo, doutor em ciências sociais, “o jornalismo está vinculado a vários valores de sociedade e mercado e isto estará presente em suas narrativas. O mais importante é que a mídia dê pluralidade aos discursos e estabeleça diálogos para que os direitos fundamentais, previsto na constituição, sejam garantidos e ela seja mais democrática” disse ele. Ainda segundo o sociólogo, a mídia age no intuito de corresponder as expectativas sociais através de seus valores notícia, o que justifica muitos dos esteriótipos presentes nela.

Apesar da existência de certo preconceito velado, atualmente, os veículos de comunicação tem exercido seu papel social de forma positiva, servindo para por em pauta assuntos pertinentes a sociedade relacionados ao combate da prática discriminatória. Porém, por se tratar de canais que não apenas levam informação, mas educação e entretenimento, sua função de alargar discussões a respeito das minorias ainda se dá de forma lenta e indissociável de certos julgamentos do senso comum.



Texto: Amy Nascimento, Matheus de Melo, Rafael Galdino e Thaliton Ritallo.
Entrevistados: Agda Aquino, Raul Ramalho e Rostand Melo.
Imagem: Reprodução/Divulgação

Preconceito à luz do Direito



Considerado como um dos problemas sociais mais antigos da humanidade, o preconceito e a discriminação são práticas que até hoje persistem nas atuais sociedades. Historicamente, a relação entre preconceito e discriminação - apesar desses atos ilícitos serem distintos - é bastante próxima e a prática desses crimes são bastante combatidas pelas constituições e autoridades em vários países do mundo. No Brasil, país composto de diversas etnias, a prática desses crimes se arrasta a séculos, tendo origem desde a época da colonização e perdurando até os dias atuais.

Recentemente, após vários casos de repercussão nacional e mundial, além da ocorrência - principalmente nas redes sociais - de inúmeros comentários preconceituosos e discriminatórios após os resultados do processo eleitoral desse ano, os crimes de preconceito e discriminação racial têm sido pautas de discussões entre várias pessoas, instituições e veículos de imprensa. Com isso, a discussão em torno do assunto se estende e se faz preciso de debates e esclarecimentos com juristas e estudiosos do assunto no direito brasileiro.

Em entrevista concedida aos repórteres Ademar Trigueiro e Breno Weverton, o advogado Marcônio Brandão falou sobre a questão legislativa do preconceito no direito brasileiro, falando sobre a injúria racial como um crime que muitas vezes é confundido com o termo discriminação e citando o artigo 140 do código penal brasileiro. Confira o áudio da entrevista aqui:



Texto: Ademar Trigueiro, Breno Weverton, Marcos Morais e Eduardo Philippe.
Entrevistado: Marcônio Brandão
Foto: Reprodução/Divulgação

Qual o papel da escola?



Para a maioria das crianças, a escola é o primeiro ciclo social fora de casa, que elas têm contato. Na “segunda casa” dita por muitos, é onde diversos valores são edificados e a personalidade é formada. Desta maneira, a escola é o ambiente onde o preconceito deverá ser dissolvido e ensinado que esta prática não é saudável. Esta tarefa não cabe apenas aos educadores, é missão também dos pais que devem caminhar juntos com a escola.

O papel do educador é muito importante na vida da criança, pois ele é uma referência de educação e caráter para os pequenos. Nem sempre o professor age conforme o esperado e consegue passar segurança e o senso de igualdade para todos. Um caso que tomou proporção nacional aconteceu em Piracicaba-SP no ano de 2013, um estudante de 11 anos foi chamado de “Félix” por uma professora. A mãe relatou à imprensa na época que o filho chegou em casa aos prantos e se sentindo bastante ofendido.

Félix, para quem não lembra, foi um personagem bastante caricato e homossexual da novela Amor à Vida das 21h, exibida na rede Globo. O jovem garoto sentiu o preconceito logo onde conceitos e opiniões são formadas, onde o educador tem o dever de ser ético para com seus alunos e de transmitir uma postura de igualdade.

Conversamos com a Dra.Renally Xavier, Psicóloga Clínica, para falar sobre o preconceito na perspectiva da Psicologia. "A psicologia define preconceito como uma ideia pré formada a partir de um opinião, ou crença ideológica. Atualmente vemos a geração pós moderna sob a ditadura do império das imagens, onde o ideal é ser diferente, de modo que as pessoas se agrupam por essas afinidades, tipo a opção sexual, a marca da roupa, o objeto que consome", ressaltou ela.

A psicóloga nos diz que ao fazer essas escolha em se agrupar , também escolhe e faz perder outras possibilidades de experimentar novos contextos sócio culturais.

E, para as crianças, o que é o preconceito?
  

Religião: a construção do preconceito dentro das escolas


Sabe-se que o Brasil é um país de Estado laico, que não determina às pessoas que fé elas devem ou não seguir. Entretanto, a maior parcela da população tem por raiz as religiões de segmentação cristã, seja por nascer em lares com crenças e convicções já formadas, seja por opção própria. É certo que cada pessoa tem a liberdade e o direito de escolher no que acreditar, mas também é certo que muitas de nossas escolhas são influenciadas pelos meios que frequentamos quando ainda estamos em processo de formação do nosso pensamento. Esses meios podem ser entendidos como a própria família, e a escola. Sendo estes pilares da construção do caráter e do pensamento crítico do cidadão.

Preconceito é uma realidade que faz parte de ser humano. Porém algumas pessoas sabem lidar com ele, são educadas para aprender a respeitar os limites e as diferenças de cada um, outras não. Em muitos casos, em se tratando da educação segmentada apenas para religiões A ou B, o quadro do preconceito só é agravado, criando cidadãos intolerantes e extremistas.

Qual seria o papel da escola na desconstrução do preconceito religioso? De acordo com o Conselho Nacional de Educação, o ensino religioso deve ser entendido como “(…) o espaço que a escola abre para que estudantes, facultativamente, se iniciem ou se aperfeiçoem numa determinada religião”. Contudo, dentro da grande maioria das escolas que fornecem esse tipo de ensino não há um esclarecimento sobre a pluralidade de religiões que existe no país, estreitando, assim, o conhecimento do aluno.

O ensino religioso não deve pautar e direcionar o aluno para uma religião específica, mas garantir que ele possa conhecer o bastante do máximo de religiões quanto for possível, para que ele tenha uma formação ampla e sólida, e que possa tomar suas próprias conclusões à respeito delas.

Preconceito Físico: Existe?

Em nossa sociedade, cada vez mais, se torna mais forte a procura pelo padrão de beleza perfeito. A mídia, por sua vez, alimenta cada vez mais esse desejo pelo “perfeito”, enfatizando que belo é aquela pessoa cujo cabelo é liso, corpo sem gordurinhas, olhos claros, etc. Qualquer pessoa que não tenda a esta demanda é feia e pode ser vítima de preconceito nas escolas.

Engana-se quem pensa que preconceito só há entre cores e raças diferentes, mas existe entre pessoas com aparência física diferente. Se você é vesgo, narigudo, orelhudo, cabeçudo, gordo, magro, se tem alguma característica que, para uma sociedade preconceituosa, são consideradas anormais, você automaticamente, vira motivo de chacota.

Infelizmente, nossas crianças não estão preparadas para lidar com estas diferenças, logo a primeira reação é apelidar e fazer com que o outro fique triste. Como você pode ouvir no áudio abaixo:




Educação X Preconceito Racial

A Escola brasileira tenta reverter as injustas colocações feitas sobre a atuação de índios e negros na História do Brasil. Quando analisamos atentamente os textos de livros didáticos, percebemos que a história contada às crianças mostra o índio e o negro em papeis de coadjuvantes e não, como figuras principais e atuantes na formação de nosso povo.

Com a Lei 10.639/2003, há uma tentativa de reparar esse erro. Tal lei incentiva a produção de livros didáticos e para didáticos que contemplem com igual juízo de valores a presença das três principais etnias de nossa formação: o índio, o negro e o branco.

Se até hoje, os negros são citados apenas nos capítulos da história que dizem respeito ao Período da escravatura, os indígenas brasileiros tem nuances sutis, apenas vestígios que quem já foi maioria absoluta e donos dessa Terra Brasilis.

Parece que esquecemos a origem de nossas palavras, nossos costumes de recorrer às plantas medicinais, nossa resposta corporal aos sons marcados das flautas indígenas e dos tambores africanos. Esquecemos também o sabor das iguarias, o gosto pela liberdade e o sorriso largo, marca da cultura brasileira.

E aos negros, erroneamente, é atribuído o conceito de escravos. Muitas vezes, se diz “descendente de escravos”. Nenhuma pessoa descende da Escravatura. Pessoas negras, indígenas ou de qualquer outra raça, essas sim, podem ser escravizadas.

A escola é campo ideal para trazer tais reflexões à tona, pois crianças com descendência indígena e negra sofrem as dores do preconceito.

Os livros atuais são obrigados por lei a trazer inferências culturais, religiosas e lúdicas que além de informar, tragam a possibilidade de quebrar as raízes do preconceito. Como é o caso da Inserção da Capoeira nas atividades escolares. Em Campina Grande, existe o projeto “Capoeira nas Escolas”, que recentemente reuniu o maior número de alunos numa aula-roda de capoeira, registrada pelo Rank Brasil.

Ouvimos a pesquisadora Ana Kelly Vasconcelos de Sousa,37, formada em Letras pela UFCG, com Mestrado em Teologia no Covenant Theological Seminary, Mestrado em Ciências da Religião pelo Mackenzie SP, cuja linha de pesquisa aborda os estudos do Negro (Quilombo). Ela dá aulas no Projeto Social do Mackenzie AEJA. Perguntamos à Ana Kelly que tipo de sintomas ela percebe quanto ao preconceito racial na escola brasileira.



Como mãe, você já conversou sobre preconceito com seus filhos? Surgiu alguma situação especial?



Que mensagem você deixaria para minar as raízes do preconceito no Brasil?



A luta contra o preconceito se reinventa a cada golpe contra a liberdade. E só através do diálogo e de muita informação vamos amadurecer nossos saberes e, quem sabe, algum dia, cortar esse mal pela raiz.


Texto: Aline Calisto, Daise Oliveira, Geovanna Teixeira e Thaíse Ariadne.

Entrevistados: Crianças de 7 a 11 anos, Ana Kelly e Renally Xavier.
Foto: Reprodução/Divulgação


sexta-feira, 28 de novembro de 2014

O Projeto




Casos marcantes de intolerância e preconceito assustam o Brasil constantemente. Pessoas são agredidas e até morrem em virtude de discriminação. Em um país tão vasto e diverso, onde podemos localizar a origem do preconceito? Homossexuais, nordestinos, gays, negros, pobres, mulheres, prostitutas, religiosos e tantos outros sofrem as consequências de um comportamento que por vezes ganha mais destaque em determinados momentos da sociedade. Um exemplo disso foram as últimas eleições onde o Brasil viveu nas redes sociais, trocas de comentários preconceituosos entre nordestinos e “não nordestinos”. Mas isto não foi um caso isolado, ao longo dos anos o país vem colecionando episódios marcados pela intolerância e a falta de respeito. 

Produzimos um material tentando apontar a origem dos preconceitos no Brasil. Questões 
como o que pode ser definido preconceito? Quais as suas características? Quais as origens do
preconceito? Quais os preconceitos mais comuns (se é que existe)? Existem preconceitos que
não conseguimos enxergar? É possível viver numa sociedade sem preconceitos? Qual o papel
da escola no combate ao preconceito? Qual o papel da mídia na construção e consolidação de
preconceitos? Como é sentir na pele a discriminação? Entre outras questões, nortearam o
trabalho.