Image Map

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Máscara do preconceito na mídia




Devido a existência de preconceitos arraigados na sociedade moderna, há uma reação hostil, por segmentos de seus integrantes, ao que não faz parte do senso comum. A responsabilidade por muitos desses esteriótipos, recusados e aceitos pela sociedade, está nos padrões sociais disseminados na história da mídia como um todo.

Os veículos de comunicação, do jornal impresso até a internet, surgiram como forma de transpor a realidade social através da notícia aos mais diversos públicos. Por representar um espelho da sociedade, junto a comunicação vieram embutidas as opiniões e ideias públicas, regadas de diferentes tipos de descriminação. A começar pela escolha dos jornalistas para representar o sinal de inteligência, informação e credibilidade nos telejornais: de beleza e padrões europeus.

Segundo a professora de comunicação Agda Aquino, que também é responsável por estudos da estética no telejornalismo brasileiro, a mídia usa muito comumente de esteriótipos (modelos envoltos de preconceito, a respeito de algo, de maneira superficial ou idealizada) para passar mensagens rápidas e de fácil entendimento ao receptor, como é o caso da publicidade e das telenovelas. Quando se tratando do jornalismo, ela reitera que “ o telejornal perpetua essa imagem “estereotipada, de quem é o telejornalista, desde que a televisão chegou no Brasil em 1950. A população vem absorvendo desde então esse padrão sem perceber, por que está lá de forma muito repetida e por que as pessoas, em sua maioria, não refletem sobre isso ”. Ainda de acordo com a professora:“ segurar o formato de esteriótipos do jornalismo é uma forma de manter o público, no intuito de mostrar um personagem de credibilidade” afirma.

Em contra partida, o jornalismo também tenta exercer seu papel social e ser um canal para dar voz aos diferentes grupos sociais. Jornalista por profissão e editor de TV, Raul Ramalho vivencia em sua rotina o cuidado ético na seleção e escolhas das pautas que irão ao ar na emissora em que trabalha: “ Os jornalistas estão inseridos na sociedade, ou seja, tem seus vícios e suas virtudes. Nós jornalistas temos nossa carga de preconceito e visão de senso comum, sendo assim é normal que passemos algo para sociedade desse ponto de vista, mas a gente tem que trabalhar e se policiar para que isso não aconteça.” disse ele.

Intensificação com as novas mídias

Com o desenvolvimento das novas tecnologias, as redes sociais se tornaram um importante meio de discutir questões relacionadas ao preconceito. A rapidez e capacidade de troca de informações desses recursos pós-massivos, pressionam, cada vez mais, as mídias tradicionais a criar espaço dentro de suas programações para discutir, debater ou noticiar tais temas. Mesmo assim, os meios de comunicação ainda discutem as diversidades de forma pontual, não assumindo a primícias de falar sobre tais temas, mas sim como uma maneira de atender, com certos atrasos, os avanços e a evolução da sociedade.

Ainda dentro deste contexto, um exemplo recente de preconceito embutido na mídia foi apresentado ao Brasil nas últimas semanas, com a exibição da história de Loemy Marques. Uma jovem moça que estampou as capas de importantes revistas e veículos de comunicação de peso nacional por ser ex-modelo hoje viciada em crack. A escolha de Loemy como fato noticiável não se deu por coincidência, afinal existem vários dependentes químicos que vivem a mesma realidade. Porém, uma protagonista que atende aos padrões de beleza da mídia, vivendo uma situação que estaria fora do imaginário do senso comum da sociedade, vira fato de comoção nacional.

De acordo com Rostand Melo, doutor em ciências sociais, “o jornalismo está vinculado a vários valores de sociedade e mercado e isto estará presente em suas narrativas. O mais importante é que a mídia dê pluralidade aos discursos e estabeleça diálogos para que os direitos fundamentais, previsto na constituição, sejam garantidos e ela seja mais democrática” disse ele. Ainda segundo o sociólogo, a mídia age no intuito de corresponder as expectativas sociais através de seus valores notícia, o que justifica muitos dos esteriótipos presentes nela.

Apesar da existência de certo preconceito velado, atualmente, os veículos de comunicação tem exercido seu papel social de forma positiva, servindo para por em pauta assuntos pertinentes a sociedade relacionados ao combate da prática discriminatória. Porém, por se tratar de canais que não apenas levam informação, mas educação e entretenimento, sua função de alargar discussões a respeito das minorias ainda se dá de forma lenta e indissociável de certos julgamentos do senso comum.



Texto: Amy Nascimento, Matheus de Melo, Rafael Galdino e Thaliton Ritallo.
Entrevistados: Agda Aquino, Raul Ramalho e Rostand Melo.
Imagem: Reprodução/Divulgação

Nenhum comentário:

Postar um comentário