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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Qual o papel da escola?



Para a maioria das crianças, a escola é o primeiro ciclo social fora de casa, que elas têm contato. Na “segunda casa” dita por muitos, é onde diversos valores são edificados e a personalidade é formada. Desta maneira, a escola é o ambiente onde o preconceito deverá ser dissolvido e ensinado que esta prática não é saudável. Esta tarefa não cabe apenas aos educadores, é missão também dos pais que devem caminhar juntos com a escola.

O papel do educador é muito importante na vida da criança, pois ele é uma referência de educação e caráter para os pequenos. Nem sempre o professor age conforme o esperado e consegue passar segurança e o senso de igualdade para todos. Um caso que tomou proporção nacional aconteceu em Piracicaba-SP no ano de 2013, um estudante de 11 anos foi chamado de “Félix” por uma professora. A mãe relatou à imprensa na época que o filho chegou em casa aos prantos e se sentindo bastante ofendido.

Félix, para quem não lembra, foi um personagem bastante caricato e homossexual da novela Amor à Vida das 21h, exibida na rede Globo. O jovem garoto sentiu o preconceito logo onde conceitos e opiniões são formadas, onde o educador tem o dever de ser ético para com seus alunos e de transmitir uma postura de igualdade.

Conversamos com a Dra.Renally Xavier, Psicóloga Clínica, para falar sobre o preconceito na perspectiva da Psicologia. "A psicologia define preconceito como uma ideia pré formada a partir de um opinião, ou crença ideológica. Atualmente vemos a geração pós moderna sob a ditadura do império das imagens, onde o ideal é ser diferente, de modo que as pessoas se agrupam por essas afinidades, tipo a opção sexual, a marca da roupa, o objeto que consome", ressaltou ela.

A psicóloga nos diz que ao fazer essas escolha em se agrupar , também escolhe e faz perder outras possibilidades de experimentar novos contextos sócio culturais.

E, para as crianças, o que é o preconceito?
  

Religião: a construção do preconceito dentro das escolas


Sabe-se que o Brasil é um país de Estado laico, que não determina às pessoas que fé elas devem ou não seguir. Entretanto, a maior parcela da população tem por raiz as religiões de segmentação cristã, seja por nascer em lares com crenças e convicções já formadas, seja por opção própria. É certo que cada pessoa tem a liberdade e o direito de escolher no que acreditar, mas também é certo que muitas de nossas escolhas são influenciadas pelos meios que frequentamos quando ainda estamos em processo de formação do nosso pensamento. Esses meios podem ser entendidos como a própria família, e a escola. Sendo estes pilares da construção do caráter e do pensamento crítico do cidadão.

Preconceito é uma realidade que faz parte de ser humano. Porém algumas pessoas sabem lidar com ele, são educadas para aprender a respeitar os limites e as diferenças de cada um, outras não. Em muitos casos, em se tratando da educação segmentada apenas para religiões A ou B, o quadro do preconceito só é agravado, criando cidadãos intolerantes e extremistas.

Qual seria o papel da escola na desconstrução do preconceito religioso? De acordo com o Conselho Nacional de Educação, o ensino religioso deve ser entendido como “(…) o espaço que a escola abre para que estudantes, facultativamente, se iniciem ou se aperfeiçoem numa determinada religião”. Contudo, dentro da grande maioria das escolas que fornecem esse tipo de ensino não há um esclarecimento sobre a pluralidade de religiões que existe no país, estreitando, assim, o conhecimento do aluno.

O ensino religioso não deve pautar e direcionar o aluno para uma religião específica, mas garantir que ele possa conhecer o bastante do máximo de religiões quanto for possível, para que ele tenha uma formação ampla e sólida, e que possa tomar suas próprias conclusões à respeito delas.

Preconceito Físico: Existe?

Em nossa sociedade, cada vez mais, se torna mais forte a procura pelo padrão de beleza perfeito. A mídia, por sua vez, alimenta cada vez mais esse desejo pelo “perfeito”, enfatizando que belo é aquela pessoa cujo cabelo é liso, corpo sem gordurinhas, olhos claros, etc. Qualquer pessoa que não tenda a esta demanda é feia e pode ser vítima de preconceito nas escolas.

Engana-se quem pensa que preconceito só há entre cores e raças diferentes, mas existe entre pessoas com aparência física diferente. Se você é vesgo, narigudo, orelhudo, cabeçudo, gordo, magro, se tem alguma característica que, para uma sociedade preconceituosa, são consideradas anormais, você automaticamente, vira motivo de chacota.

Infelizmente, nossas crianças não estão preparadas para lidar com estas diferenças, logo a primeira reação é apelidar e fazer com que o outro fique triste. Como você pode ouvir no áudio abaixo:




Educação X Preconceito Racial

A Escola brasileira tenta reverter as injustas colocações feitas sobre a atuação de índios e negros na História do Brasil. Quando analisamos atentamente os textos de livros didáticos, percebemos que a história contada às crianças mostra o índio e o negro em papeis de coadjuvantes e não, como figuras principais e atuantes na formação de nosso povo.

Com a Lei 10.639/2003, há uma tentativa de reparar esse erro. Tal lei incentiva a produção de livros didáticos e para didáticos que contemplem com igual juízo de valores a presença das três principais etnias de nossa formação: o índio, o negro e o branco.

Se até hoje, os negros são citados apenas nos capítulos da história que dizem respeito ao Período da escravatura, os indígenas brasileiros tem nuances sutis, apenas vestígios que quem já foi maioria absoluta e donos dessa Terra Brasilis.

Parece que esquecemos a origem de nossas palavras, nossos costumes de recorrer às plantas medicinais, nossa resposta corporal aos sons marcados das flautas indígenas e dos tambores africanos. Esquecemos também o sabor das iguarias, o gosto pela liberdade e o sorriso largo, marca da cultura brasileira.

E aos negros, erroneamente, é atribuído o conceito de escravos. Muitas vezes, se diz “descendente de escravos”. Nenhuma pessoa descende da Escravatura. Pessoas negras, indígenas ou de qualquer outra raça, essas sim, podem ser escravizadas.

A escola é campo ideal para trazer tais reflexões à tona, pois crianças com descendência indígena e negra sofrem as dores do preconceito.

Os livros atuais são obrigados por lei a trazer inferências culturais, religiosas e lúdicas que além de informar, tragam a possibilidade de quebrar as raízes do preconceito. Como é o caso da Inserção da Capoeira nas atividades escolares. Em Campina Grande, existe o projeto “Capoeira nas Escolas”, que recentemente reuniu o maior número de alunos numa aula-roda de capoeira, registrada pelo Rank Brasil.

Ouvimos a pesquisadora Ana Kelly Vasconcelos de Sousa,37, formada em Letras pela UFCG, com Mestrado em Teologia no Covenant Theological Seminary, Mestrado em Ciências da Religião pelo Mackenzie SP, cuja linha de pesquisa aborda os estudos do Negro (Quilombo). Ela dá aulas no Projeto Social do Mackenzie AEJA. Perguntamos à Ana Kelly que tipo de sintomas ela percebe quanto ao preconceito racial na escola brasileira.



Como mãe, você já conversou sobre preconceito com seus filhos? Surgiu alguma situação especial?



Que mensagem você deixaria para minar as raízes do preconceito no Brasil?



A luta contra o preconceito se reinventa a cada golpe contra a liberdade. E só através do diálogo e de muita informação vamos amadurecer nossos saberes e, quem sabe, algum dia, cortar esse mal pela raiz.


Texto: Aline Calisto, Daise Oliveira, Geovanna Teixeira e Thaíse Ariadne.

Entrevistados: Crianças de 7 a 11 anos, Ana Kelly e Renally Xavier.
Foto: Reprodução/Divulgação


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